AGOSTO LARANJA
Desde 2006, com a
instituição, pela Lei nº 11.303/2006, do Dia Nacional de Conscientização sobre
a Esclerose Múltipla (EM) no dia 30 de agosto, este mês passou a ser
considerado um importante período para a conscientização em relação à doença e
às privações dos seus portadores em todo o país, passando a ser chamado de
Agosto Laranja. Hoje, a EM é a doença neurológica que mais afeta jovens adultos
no mundo, sendo na sua maioria mulheres. Por este motivo, a Universidade
Federal do Pará (UFPA) busca dar visibilidade à doença, informar a população e
alertar para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
A Esclerose
Múltipla é uma doença autoimune crônica do sistema nervoso central, do cérebro
e da medula espinhal, na qual há destruição do tecido protetor, chamado mielina
(que envolve as fibras nervosas), impedindo ou alterando a transmissão das
mensagens do cérebro para as diversas partes do corpo. Os sintomas da doença
são variados e dependem da parte do sistema nervoso que foi afetada. Entre os
mais comuns, estão fraqueza, distúrbios de equilíbrio, entorpecimento,
transtornos visuais, tremores, vertigens, sensação de rigidez dos membros,
fadiga, problemas na fala, no intestino e alterações na bexiga.
"Fatores
ambientais e genéticos favorecem o desenvolvimento da doença. Alguns são
importantes destacar, como a infecção pelo vírus Epstein-Barr, vírus da família
do herpes, muito comum em humanos e transmitido por saliva e secreções
vaginais; tabagismo; baixos níveis no sangue de vitamina D; obesidade e
ingestão alta de sódio na dieta", explica Fernando Paschoal, professor da
disciplina Atenção ao Sistema Neurológico da UFPA.
Diagnóstico e
tratamento - Ainda
não se sabe a causa da patologia, mas a ciência trabalha com hipóteses, como
ataque de determinados vírus, reações imunes ou ambas. Atualmente, há mais 2,3
milhões de pessoas no mundo com a doença. Segundo estimativas do Ministério da
Saúde, pelo menos 30.000 brasileiros vivem com EM. Por razões desconhecidas, a
maioria dessas pessoas são mulheres. Como é comum em doenças autoimunes, talvez
o perfil hormonal seja uma das explicações. A faixa etária predominante entre
os que desenvolvem a doença é de 20 e 40 anos.
Existem três
formas clínicas: remitente-recorrente, secundária progressiva e primária
progressiva. Cerca de 85% das pessoas com a forma remitente-recorrente irão
evoluir em 10 anos para a forma secundária progressiva. A forma
remitente-recorrente caracteriza-se por surtos e melhora após tratamento ou
espontaneamente, duram dias a semanas.
"Devemos
ficar atentos para os sintomas iniciais, como dor atrás dos olhos, visão dupla
e perda da sensibilidade de um lado do corpo são manifestações que podem abrir
o quadro clínico, mesmo que seja reversível em dado momento. É importante estar
atento para procurar a assistência médica precoce para tratamento adequado. O
diagnóstico é feito com alguns critérios clínicos de manifestações de surtos
neurológicos. Eles podem persistir por mais de 24 horas, perduram por dias ou
semanas, podendo reverter ou progredir", afirma Fernando Paschoal.
Diagnosticar a EM
precocemente faz diferença. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado maior a
chance de modificar o curso natural da doença em longo prazo, reduzindo o
número de surtos clínicos, de lesões e de sequelas neurológicas. Não há
tratamentos que curem a doença, mas existem recursos, como medicamentos,
fisioterapias, entre outros que ajudam os portadores da doença a se manterem
produtivos e confortáveis.
Uma alternativa é
manter a prática de exercícios físicos, pois eles ajudam a fortalecer os ossos,
a melhorar o humor, a controlar o peso e auxiliam nos sintomas da fadiga.
Quando os movimentos estão comprometidos, a fisioterapia ajuda a reformular o
ato motor, dando ênfase à contração dos músculos ainda preservados. Este
tratamento fisioterápico associado a determinados remédios ajudam, também, a
reeducar o controle dos esfíncteres (músculos que controlam a eliminação de
fezes e urina). Mas vale lembrar que, durante crises agudas da doença, é
aconselhável que o paciente permaneça em repouso.
Respeito e
aceitação - Para as
pessoas que são diagnosticadas com EM, e para quem convive com o paciente,
receber e aceitar o diagnóstico é um passo importante. A recomendação é buscar
informações para ter uma vida com a maior qualidade possível. Segundo a
diretora da Associação de Apoio aos Portadores de Esclerose Múltipla do Pará
(AAPEM), Graça Nascimento, é imprescindível procurar esclarecimentos e dados e
informar-se sobre a doença para tratar bem a pessoa acometida.
"Conviver com
um paciente com esclerose múltipla é difícil, mas não é
impossível. Tudo começa pela busca do diagnóstico. Cuidar de uma
pessoa com EM é entendê-la com as suas limitações. É uma doença que pode
acometer pessoas jovens ou não. O tratamento é longo e, muitas vezes,
doloroso. É possível perceber a progressão, mas ainda não a cura. Eu
diria que, apesar de tudo, vale a pena se dedicar para amenizar, suavizar a
vida de quem se está cuidando", pontua Graça Nascimento.
Ainda de acordo
com Graça Nascimento, a sociedade precisa de informação para compreender que as
pessoas com Esclerose Múltipla são normais, dentro de suas possibilidades e
oportunidades. Elas possuem a doença como tantas outras convivem com diabetes,
hipertensão, parkinson, câncer etc. Então, podem trabalhar, exercer
cargos de chefia ou qualquer coisa do tipo.
"Agosto é o
mês de conscientização de EM. Vamos informar mais e esperamos que mais pessoas
consigam fazer o diagnóstico rápido para ter um tratamento bom, ter
qualidade de vida e não sofrer sozinha. Viver bem apesar da EM", ressalta.
Agosto Laranja
- Desde 2006, o
Brasil celebra o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, no
dia 30 de agosto. A data foi resultado do esforço da Associação Brasileira de
Esclerose Múltipla (ABEM) para dar mais visibilidade à doença e seus impactos
na vida das pessoas. Por isso o agosto laranja é considerado o mês de
conscientizar os brasileiros sobre essa doença e a importância de sua
prevenção.
Em 2017, o laranja
foi adotado por indivíduos e organizações na maioria dos mais de 600 eventos do
Dia Mundial da Esclerose Múltipla (promovido no dia 30 de maio), realizados em
96 países em todo o mundo.
Texto: Maiza
Santos - Assessoria de Comunicação da UFPA
Arte: Reprodução Google
FONTE: https://portal.ufpa.br/index.php/ultimas-noticias2/11800-campanha-agosto-laranja-busca-informar-e-dar-visibilidade-aos-portadores-de-esclerose-multipla
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